Câncer de próstata: saiba tudo sobre a doença
A próstata é uma glândula encontrada no homem que produz um líquido que compõe o sêmen. Ela fica abaixo da bexiga e na frente do reto, e forma um anel em torno da uretra (tubo que leva urina para fora do corpo). O câncer de próstata surge quando as células normais da próstata se tornam anormais e crescem sem controle. Ele ocorre mais comumente em homens com mais de 50 anos.
Apesar de ser um câncer muito comum, tende a crescer de forma lenta, logo a maioria dos indivíduos afetados não morrem desta patologia. Nos últimos 20 anos, devido aos avanços no diagnóstico, o câncer de próstata é frequentemente diagnosticado em estágios iniciais, obtendo-se uma maior taxa de cura.
Quais são os sintomas?
A maior parte dos pacientes são assintomáticos, entretanto em estágios mais avançados alguns sintomas podem surgir, como:
- aumento da frequência para urinar;
- jato urinário mais fraco.
Esses sintomas não são exclusivos do câncer de próstata e estão comumente relacionados a outras patologias da próstata, como a hiperplasia prostática benigna (HPB, próstata grande). Entretanto, a sua presença requer investigação pelo seu médico.
Outros sintomas menos comuns são: sangue na urina ou sêmen, disfunção erétil, fraqueza ou dormência nas pernas e pés e vontade de urinar frequentemente à noite. É importante ressaltar que esses problemas são mais comumente causados por condições clínicas benignas.
Existe um teste para o câncer de próstata?
Como a maioria dos pacientes são assintomáticos, a suspeição ocorre por conta do exame de PSA (exame de sangue) alterado e/ou pela alteração identificada no exame do toque.
Exame de PSA e o câncer de próstata
O exame de sangue não é conclusivo no diagnóstico do câncer de próstata. O Antígeno Prostático Específico, conhecido como PSA, é uma enzima produzida por células da próstata e secretada pelo líquido seminal. Isso quer dizer que todos os homens possuem algum nível de concentração do marcador no sangue, porém como o PSA também é produzido por células neoplásicas da próstata, quando ele se encontra em níveis mais altos pode funcionar como um sinal de alerta.
E por que a análise somente do PSA não é suficiente? Porque existem outros fatores que afetam o nível da enzima no sangue além do câncer. Por exemplo, a hiperplasia prostática benigna, a idade avançada, o uso de determinados medicamentos, alguns procedimentos urológicos e alguma inflamação ou infecção na próstata podem elevar os níveis de PSA.
Por outro lado, certos medicamentos podem reduzir a concentração de PSA, mesmo que o homem tenha um tumor maligno na próstata. Desse modo, o exame de PSA isolado não é conclusivo. Para o diagnóstico preciso é fundamental que sejam realizados outros exames como o toque retal, exames de imagem da próstata e biópsia.
O que é o exame do toque?
O exame do toque é usualmente realizado pelo médico urologista no qual ele sente a próstata por via retal e identifica se existem áreas anormais. Quando áreas anormais são identificadas, outros testes são realizados para confirmação do diagnóstico de câncer.
Quais testes confirmam o câncer de próstata?
O ultrassom e a ressonância magnética da próstata auxiliam na investigação do câncer. Os exames de imagem mostram o corpo por dentro, identificam lesões com crescimento anormal e também se a doença invadiu órgãos adjacentes.
A biópsia é o teste confirmatório que comprova a presença do câncer. O médico urologista ou radiologista utiliza uma agulha para retirar pequenos pedaços da próstata. Tudo acontece com anestesia local.
O desconforto relacionado ao procedimento é de intensidade leve a moderada. O processo como um todo geralmente dura aproximadamente 15 minutos. Após isso, o paciente pode sentir incômodo retal e na área próxima ao reto, períneo. Também pode apresentar sangramento pelo reto, na urina e/ou no sêmen. Além disso, existe um pequeno risco de infecção que pode necessitar de antibióticos.
O tecido retirado na biópsia é o médico patologista quem analisa para confirmar se existe o câncer. O resultado geralmente fica disponível no período de 7 a 10 dias. Com o avanço da biologia molecular, novos testes realizados no material da biópsia são capazes de fornecer informações adicionais e auxiliar na decisão terapêutica.
Saiba mais: câncer de testículo: 60% das mortes são de pessoas abaixo dos 40 anos
Principais mitos sobre o câncer de próstata
É importante esclarecer algumas crenças que fazem parte do senso comum e que podem prejudicar a atenção com a saúde da próstata. Os principais mitos, portanto, são:
- Câncer de próstata não ocorre em homens jovens;
- PSA aumentado é diagnóstico de câncer;
- O sedentarismo não influencia na saúde da próstata.
Por outro lado, é verdade o fato de que quem teve a doença pode fazer reposição hormonal. Por muitos anos, a sociedade médica tinha como consenso evitar a reposição hormonal em pacientes pós-tratamento de câncer de próstata para inibir possíveis complicações ou recidiva do tumor. Porém, estudos mais recentes mostraram que o procedimento é seguro, desde que o paciente não apresente metástase ou infiltração em linfonodo.
De um modo geral, podemos dizer que a reposição hormonal pode ser feita, proporcionando ganhos significativos em qualidade de vida para os pacientes que apresentam síntomas de déficit de testosterona, que podem ser psicológicos (mudança repentina de humor, depressão, irritabilidade etc.), sexuais (falta de libido, disfunção erétil, redução da fertilidade) e físicos (aumento da gordura corporal, perda de força, cansaço constante, perda de memória, dentre outros).
Entenda a diferença entre câncer de próstata e hiperplasia prostática benigna
Enquanto a hiperplasia prostática benigna (HPB) é indicada pelo aumento de tamanho da próstata, o câncer se caracteriza pela presença de um tumor maligno com possibilidade de se espalhar para outros órgãos.
É muito importante esclarecer essa diferença, pois como ambos apresentam sintomas em comum, principalmente relacionados a mudanças na micção, acabam sendo confundidos pelos pacientes.
A HPB é muito comum entre homens com mais de 50 anos e não é fator de risco para o desenvolvimento do câncer. O principal alerta é: ao perceber qualquer alteração no hábito urinário, como dificuldade ou sensação de urgência para urinar, vontade de urinar com maior frequência ou jato de urina mais fraco, procure o seu urologista.
As duas condições têm boas chances de recuperação e o diagnóstico minimiza o impacto da doença na qualidade de vida do paciente.
Relação entre o câncer de próstata e o risco de impotência sexual
Um dos assuntos mais temidos pelos pacientes diagnosticados com câncer de próstata é a impotência sexual. Todos os homens com a doença podem ficar impotentes?
A resposta é não. Porém, não podemos negar que é um dos efeitos colaterais mais frequentes entre os pacientes submetidos à cirurgia. A impotência sexual é multifatorial, por isso a análise é de caso em caso.
Em alguns homens, os nervos que conduzem a ereção do pênis podem ser comprometidos pelo próprio câncer ou danificados durante o tratamento, impedindo o estímulo natural. Nesses casos, as medicações orais não fazem efeito e outras alternativas devem ser consideradas, como os vasodilatadores injetáveis e as próteses artificiais.
Diferença entre inflamação e câncer de próstata
A inflamação e o câncer de próstata possuem sintomas parecidos e por isso é normal que apareçam dúvidas sobre as diferenças entre os quadros.
Geralmente, os homens ficam apreensivos quando percebem qualquer alteração ou incômodo no trato reprodutor ou urinário. Porém, é importante esclarecer que apesar de ser muito importante estar alerta aos sintomas, existem diversos problemas de saúde que podem estar relacionados a eles e não somente ao câncer.
A inflamação da próstata – prostatite – é um quadro benigno que leva a um crescimento da glândula e pode causar dor e dificuldade para urinar. A infecção pode ser bacteriana ou não e, dependendo da origem, o tratamento é realizado com a prescrição de antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios, dentre outros.
Já o câncer de próstata é a neoplasia mais comum entre os homens e ocorre mais frequentemente a partir dos 50 anos com o tratamento dependendo do estágio da doença: radioterapia, quimioterapia e cirurgia podem ser recomendadas ao paciente.
Fatores de risco
Fatores de risco podem influenciar no desenvolvimento de um câncer, porém é importante ressaltar que não são causadores diretos da doença. Uma pessoa pode estar exposta a um ou mais fatores de risco e não desenvolver nenhum câncer.
Os principais fatores de risco para o câncer de próstata são:
- Idade: o câncer de próstata é raro em homens com menos de 40 anos, porém a chance de acontecer aumenta rapidamente após os 50 anos;
- Histórico familiar: homens com histórico de câncer de próstata no pai, avô ou irmão antes dos 60 anos fazem parte do grupo de risco;
- Alterações genéticas: algumas alterações genéticas hereditárias podem favorecer o desenvolvimento desse tipo de câncer.
Vale lembrar que uma dieta equilibrada aliada à prática regular de exercícios físicos reduz o risco de muitos tipos de câncer. Ressalta-se, portanto, que não é possível diagnosticar a doença somente pelos sintomas. Por isso, é fundamental que todos os homens façam as consultas regulares com o urologista e todos os exames preventivos.
Por fim, para saber mais sobre o câncer, seus sintomas, tratamentos e formas de prevenção, confira os outros artigos do blog ou agende sua consulta.